Por Gilberto Lima
“Nas últimas 72 horas tenho recebido telefonemas de amigos pedindo para que eu volte a apresentar programas em emissoras de rádio e que eu não abandone o barco daqueles que lutam contra a “oligarquia”. Eu não o abandonei. Simplesmente me jogaram pra fora dele. Fizeram-me náufrago da “nau libertária”.
De um deles, o Moisés, ouvi: “companheiro Gilberto, volte para o rádio, você está fazendo falta. Estamos com saudades de sua voz. A luta contra essa ‘oligarquia’ tem de continuar. A Rádio Capital é o seu lugar.” O ouvinte ainda teceu comentários sobre o ex-governo que, para ele, foi um desastre, uma decepção. “Sou pedetista. Gastei minha moto fazendo campanha para o Jackson. Ele chegou ao poder e esqueceu aliados, entregando o governo para auxiliares incompetentes e irresponsáveis. Temos que superar tudo isso. A luta tem que continuar”, disse.
Depois de ouvi-lo atentamente, sentenciei: “estou fora de qualquer luta anti-Sarney. Não contem mais com minha voz no rádio para defender os interesses de adversários de Sarney. O governo de Jackson serviu para que muitos tirassem suas máscaras. O ex-governo da ‘libertação’ cassou minhas credenciais de formador de opinião anti-Sarney. Vou cuidar da minha vida e da minha profissão”.
Moisés quase dar um piripaque, ao ouvi meu desabafo. Acha que estou me precipitando e prometeu fazer uma campanha em praça pública para que eu volte ao rádio para continuar dando suporte à luta contra o que chamou de “império Sarney”. Até agradeci pelo gesto, mas fiz-lhe entender que a decisão não tem volta. Preciso me recompor profissionalmente. Preciso me dedicar mais aos projetos de meus filhos. Preciso de paz de espírito para tocar a vida. Preciso cicatrizar as feridas da ingratidão.
Nessa onda de apelos para que eu volte ao rádio, recebi telefonemas do radialista Frank Matos, secretário de João Castelo (PSDB). Apelou para que eu volte a integrar a equipe da Rádio Capital. “A emissora está de volta sob o comando do filho do Roberto Rocha. Estamos no novo estúdio e está sendo adquirido um novo transmissor. Precisamos voltar com uma programação de peso. Estivemos reunidos e chegamos à conclusão que você é o cara para comandar um programa matinal”, disse-me. Agradeci pelo convite e pela lembrança, mas não tenho interesses em voltar ao rádio, neste momento.
Por que querem que eu volte ao rádio agora? A resposta é simples: precisam de alguém que volte a ser a “palmatória do mundo” contra o governo Roseana. Estou fora! Procurem outro mártir. Tirei a armadura de “combatente da libertação” e arriei as lanças. Essa luta não me pertence mais!
Texto publicado em 20 de abril de 2009, no BLOG DO GILBERTO LIMA.
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